Devaneios..
- Natalia Martínez Stoessel
- 10 de jun. de 2021
- 2 min de leitura
Segundo o dicionário devaneio significa um estado da consciência no qual a pessoa se deixa levar pela imaginação, pensando e imaginando coisas, situações, longe do contato com a realidade.

Segundo Freud, no seu texto de 1908, Fantasias histéricas e sua relação com a bissexualidade, ele traz à luz as relações que existem entre as fantasias histéricas, os devaneios da juventude, como isto articula-se com o sintoma e os desejos bissexuais. Diz que nas mulheres os devaneios são eróticos, enquanto nos homens são tanto ambiciosos como eróticos: “se investigarmos mais de perto os devaneios de um homem, veremos que seus feitos heroicos e seus triunfos só têm por finalidade agradar a uma mulher para que ela o prefira aos outros homens”. Logo em seguida acrescenta: “Esses devaneios são catexizados com um vivo interesse; são acalentados carinhosamente pelo sujeito e em geral ocultos com muita sensibilidade. É fácil perceber na rua uma pessoa absorta num devaneio: fala sozinha, sorri subitamente distraída ou apressa o passo no momento em que a situação imaginada atinge o clímax”. Neste ponto quero parar para poder refletir sobre.
Por que será que nós, seres humanos, ocultamos com muita sensibilidade nossos devaneios? Quais são estes devaneios que nos fazem rir na rua, falar sozinhos e até mesmo atingir um clímax? E, por quê o exemplo do Freud sobre os devaneios dos homens parece um exemplo tão contemporâneo? Será que acontece igual nas mulheres?
Acredito não ter uma resposta articulada a todas estas perguntas, porém não se pode negar que o ser humano é constituído por infinitos devaneios. Imaginemos um mundo sem devaneio, o que restaria? E falando disso, quanto tempo do dia você dedica aos devaneios? O que eles dizem de você? Com certeza dizem muita coisa, alguns desejos podemos reconhecer com mais facilidade que outros, mas aqueles que ficam latentes, inconscientes, aqueles dizem ainda mais.
Desejamos o tempo todo, devaneamos o tempo todo, queremos amar para ser amados e estas fantasias são as que nos constituem como sujeitos do inconsciente.
“São coisas da minha cabeça” – Frase citada de um analisando.
Ilustração: @ponse.lakiva
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